Eu estava sentada no salão principal do colégio com as costas apoiada na porta do banheiro masculino, chorando,“ele já deve estar morto”,Repetia para mim mesma, porque aquele babaca deixou a raiva subir a cabeça e saiu correndo daqui? Porque ele saiu sem nem ao menos pensar em mim ou na Je? Não me importo que ele tenha ficado irritado com a Amanda, não me importo que ele tenha se sentido culpado por causa da morte da Taiane, ele podia pelo menos ter ficado pela gente, mas não, ele é egoísta e só pensou em si mesmo.
Derrepente uma batida forte vem do outro lado da porta, com a força todo meu corpo extremecerá, acho que a Taiane acordou. Pensou nele depois de ter trancado as gurias no banheiro.
- Você esta fazendo o que aqui? Anda Gabriela! Nós temos que nos preparar, elas estão fazendo muito barulho ai no banheiro,logo,logo vão chamar a atenção de algum grupo. – Falou o Mutuka carregando algumas malas de roupas e suprimentos.
Olhei para ele com os olhos cheio de lágrimas, não precisei falar nada, ele compreendeu, calou-se e voltou a arrumar as coisas.
Eu devia ser otimista, afinal o Douglas saiu do colégio, ficou quase uma semana e meia fora e ainda sim conseguiu voltar sem nenhum arranhão, mas desta vez, algo me diz que vai ser diferente, não sei o que pensar, algo me diz que ele deve estar morto,alguns minutos antes de tudo isso acontecer ele estava chorando pensando em se matar e ele ainda não levou nada quando saiu daqui, deixou para traz até a jaqueta de couro que David dará para ele antes de se sacrificar pelo nosso grupo, como eu deveria me sentir?
Meus pensamentos foram interrompidos pelo olhar serio da minha melhor amiga.
- O que é isso? Ele vai ficar bem,Gabi,o Dodi já saiu antes, com certeza ele vai achar alguma forma de nos encontrar, o Gabriel disse que vai manter o celular ligado, vamos parar em uma loja de eletrônicos e pegar algumas baterias para caso ele precise ligar nós estejamos com o celular do Gabriel ligado, relaxa, ele já é bem grandinho, sabe se cuidar.
- Mas as antenas e os Satélites do mundo inteiro estão sem manutenção, você sabe que a qualquer momento os celulares vão ficar sem área, Je.
- Você esta muito pessimista hoje, calma vai dar tudo certo, o Douglas tem amor pela vida, ele não iria se deixar morrer.
Abri um sorriso falso, ela não vira ele sentado no chão, chorando descontroladamente pensando em suicídio.
- Vai! levanta dai e se eu te ver chorando por causa dele vou te dar um tapa tá amiga? – Falou Jenyffer apontando uma faca de corte para mim com um sorriso no rosto.
Me levantei e calmamente segui para o andar de cima para ajudar os outros a arrumar algumas malas.
Estava arrumando a mala do Douglas, certamente se nos vermos novamente ele vai ficar feliz de saber que as coisas dele ainda estão com a gente, se nos vermos não, nós vamos nos ver.
Olhei para jaqueta de couro com as iniciais DF bordadas em um fio dourado logo abaixo do emblema V.G.A da marca,Andei calmamente até poder tocar em seu couro, retirei o moleton que eu estava usando,senti uma onda de frio percorrer o meu corpo, estava um pouco frio pois Florianópolis era bastante gelada nesta época do ano, Coloquei a jaqueta em meu corpo, o cheiro de meu melhor amigo entrou em minhas narinas,
ele usara a pouco tempo, o cheiro dele ainda não tinha saído.
A jaqueta ficara bem grande em mim e as mangas passavam um pouco de meus pulsos porem eu me sentia confortável dentro dela, o frio momentâneo que apareceu por eu ter retirado moleton sumiu de forma tão rápida quanto tinha aparecido.
Percebi que as costas da jaqueta possuíam arranhões, nas mangas algumas mordidas, o Couro dela ainda estava firme, certamente nenhum desses arranhões e mordidas chegara perto de ferir Douglas, Percebi que o Cheiro dele só ficava por dentro da Jaqueta pois o couro não deixara ele se espalhar, “esta jaqueta com certeza é uma ótima defesa”,pensei comigo mesma, olhei novamente para as mordidas, algumas,entre as camadas do couro, tinham um pouco de um sangue bem escuro, “sangue dos infectados”, ninguém lavara esta Jaqueta desde que Douglas voltara, Derrepente senti um arrepio percorrer o meu corpo, seguindo de uma onda de tristeza,o Douglas teve vários momentos de risco, lutando de frente com os infectados, a Jaqueta era uma prova disto, ele não voltara sem nenhum arranhão por ter sido cuidadoso e experiente, ele voltara sem nenhum arranhão por causa da Jaqueta, David salvara o Douglas, Mesmo depois de morto ele ainda protege o meu amigo.
Desta vez ele estava sem sua Jaqueta, se ele não fosse cuidadoso, um simples arranhão, uma simples mordida e ele seria apenas mais um Morto-Vivo.
- O Dodi não levou a Jaqueta Gabi? Estranho, ele nunca sai daqui sem ela. – Falou Jenyffer em um tom um pouco mais preocupado do que agora pouco.
- Aquele babaca fez a escolha dele, Tudo que agente pode fazer agora é Seguir Sobrevivendo. – Falei colocando as mãos nos bolsos da jaqueta.
Dentro do bolso tinha um papel, o retirei calmamente e abri ele em minha mão.
O que diabos isso significava? Não fazia a menor ideia, Jenyffer se colocou ao meu lado e tentou ler o que estava no papel, e sem esforço para tentar descifrar desistiu rapidamente.
Fui para o salão principal, Gabriel estava lá,parado, olhando fixamente para o banheiro feminino, onde a Kawana estava presa.
- Biel! Quero que você veja uma coisa. – Falei da forma mais calma o possível.
- Tudo bem – Falou ele limpando as lágrimas dos olhos.
Entreguei o papel a ele, ele ficou fitando as letras por alguns segundos e em seguida abriu um sorriso.
- Já sei aonde o Douglas esta.
Uma pontada de felicidade veio ao meu peito, nós não o perdemos.
- Rigo, você deveria conhecer ele melhor do que eu. Lembra da época do colégio? Que quando ele ficava depressivo ele escrevia ao contrario? – Falou ele com um meio sorriso no rosto.
- ah, Eu lembro sim, puts!cara, como eu deixei isso passar. Me devolve. - Falei tentando pegar
novamente o papel, porem Gabriel foi mais rápido, rapidamente desviou de mim e foi a procura de um espelho.
- Devolve Gabriel! – Gritei já ficando irritada.
- Espera, vou achar um espelho, todo mundo tem que ver isso. – Falou Gabriel seguindo correndo para a biblioteca. – Chama os outros Rigo, nós temos outro destino.
Sem hesitar subi a rampa a procura dos meus companheiros, os primeiros a serem convocados foram a Jenyffer, Alceu e o Mutuka, logo após encontrei Amanda e Michelangelo arrumando algumas coisas e mandei de uma forma extremamente arrogante ela descer para ver oque Gabriel tinha para dizer.
Em segundos todos estávamos reunidos no salão principal, derrepente Gabriel aparece com um espelho maior que seu próprio corpo em suas costas e o papel de Douglas estava em suas mãos.
- Para que um espelho tão grande? – Falou Michelangelo.
Ele estava em uma viagem de reconhecimento, somente isto, por isto ele havia deixado a jaqueta, ele sabia que um de nós iria encontrar a mensagem.
- Então já sabemos aonde ir, vamos para São Paulo, Mike!Podes olhar em algum radio e tentar descobrir a estação que o Douglas encontrou? Assim agente consegue as coordenadas.
- Claro – Falou Mike seguindo para o andar de cima.
Com um sorriso no rosto eu peguei as minhas malas e as de Douglas coloquei no Camaro, com a escolta do Gabriel é claro, eu não poderia ir aonde o carro se encontrava sozinha, poderia haver alguns zumbis.
Gabriel segurava um revolver em cada uma das mãos, vestia um moleton verde surrado com o emblema da marca puma no meio do peito dele, usava uma bermuda jeans preta e o ténis preto com azul de sempre.
- Gabriela, eu vou com esse carro, o Mutuka e o Michelangelo vão com a bimota e o Alceu já saiu em busca de outro carro, se ficarmos em movimento não vai ter tanto problema ir de forma espalhada entendes?
- sim, eu entendo biel, mas assim, se formos muito separados, ficarão poucas pessoas em cada carro, se houver algum problema ficara ruim para nos ajudarmos.
- tens razão eu não pensei nisso, mas… Puta que pariu! – Gabriel gritou impedindo a si mesmo de completar sua própria frase.
Olhei na direção dele, havia muitos Zumbis vindo na direção, eles ainda não haviam nos visto, se estivessem nos visto, alguns já estariam correndo na nossa direção.
- Eles devem ter sido atraidos pelo barulho que nós estamos fazendo. – Gabriel falou com um sorriso no rosto.
- Nem pense em atacar agora Gabriel, vamos para dentro avisar os outros. – Falei puxando a mão dele em direção a porta que nós saímos.
- Não, se entrarmos não sairemos mais, são muitos, eles vão certar o colégio em poucos segundos.
- queres que agente deixe todos lá? Não,você esta louco? – Falei ficando irritada com ele.
- talvez se alguém ganhar tempo, talvez se eu matar alguns. – o sorriso dele aumentara.
- Não, você quer ter o mesmo fim que o Eduardo? Se matar para tentar salvar um grupo inteiro?
- eu consigo ficar matando até vocês saírem, depois é só parar o carro próximo e me pegar, eu não vou levar nem um arranhão.
- Ele tambem pensou assim e tivemos que deixar ele caído no chão se transformando aos poucos. Gabriel você não vai, é uma ordem. – Falei já irritada.
O Gabriel não era como o Douglas, ele não se importava tanto com a minha opinião, ele sabia que eu pensava com clareza e tudo mais, porem, ele não se importa se eu ficar chateada com ele.
- cala boca, eu vou e deu, não estou pedindo a tua opinião, vai lá dentro e faça oque achar melhor, eu só acho que seria uma boa você chamar as pessoas para sair, só isso. – Falou olhando para mim com um olhar muito bizarro.
Ele abriu um sorriso de orelha a orelha, olhou o tambor dos dois revolveres que estavam completamente carregados, colocou um no bolso da bermuda, pegou um pé de cabra que estava no porta-malas do carro e saiu correndo em direção aos bichos gritando.
Seus gritos chamaram a atenção de uma parte do bando, que foi correndo na direção dele, enquanto eu corria para dentro do colégio.
Bati rapidamente na porta de entrada, Mutuka abriu.
- Cade o Gabr.. – sua frase foi interrompida pelo tiro do revolver de Gabriel.
- oque ele ta fazendo? – Mutuka reformulou a sua própria frase
- nos ganhando tempo, ele é louco! Eu sei! Agora vamos aproveitar a loucura dele e sair daqui.
- como assim? – Mutuka estava confuso.
- Tem um monte de zumbis vindo para cá! Nós estamos fazendo muito barulho, vamos temos que sair daqui! – Falei empurrando o Mutuka e entrando no colégio.
- Achei! A colonia é no Litoral paulista! Já sei como podemos chegarmos. – Michelangelo desceu a rampa gritando.
- ta tudo beleza então! Oque falta para colocarmos nos veículos? – Falei
- Algumas bagagens e suprimentos, Alceu já foi procurar uma caminhonete. – A minha melhor amiga me respondeu.
- Porque uma caminhonete? – Falei sem entender
- vamos fazer paradas para pegar alguns suprimentos, estamos com falta de agua e de comida, ta ligada? – Mutuka falou.
Concordei e segui para o segundo andar, entrei na sala e me deparei com as bagagens completamente prontas, atras delas Amanda estava sentada com um meio sorriso olhando para mim.
- eu vou no Camaro, você vai? – Amanda falou olhando nos meus olhos.
- agora eu acho que vou no carro que o Alceu vai trazer. – Falei virando as costas para ela e saindo da sala.
Ela acha que é assim? Fazer as pessoas se afastarem de nós e tudo ficar tranquilo?